Samba-Enredo 2020 - O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião

Mitos e resistência em “Samba-Enredo 2020 - O Santo e o Rei”

"Samba-Enredo 2020 - O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião", do G.R.E.S Paraíso do Tuiuti, explora a fusão entre o mito sebastianista português e as tradições religiosas brasileiras. A música transforma Dom Sebastião em um símbolo de esperança e resistência, especialmente ao associá-lo à lenda maranhense em que ele retorna como um touro encantado nas dunas da Ilha dos Lençóis. O verso “Renasce sob nós, um caboclo encantado / Na praia dos lençóis, é o touro coroado” ilustra essa mistura do imaginário europeu com o folclore afro-indígena brasileiro.

O samba também destaca o sincretismo religioso ao unir São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, e Oxóssi, orixá das matas, mostrando como diferentes crenças se entrelaçam na cultura popular. A data de 20 de janeiro, celebrada tanto pelo santo quanto pelo rei, é usada para criar um elo entre fé, história e identidade: “Todo vinte de janeiro / Nos altares e terreiros / Pelos campos de batalha / Uma vela pro divino / O imperador menino / Um Sebastião não falha”. A canção ressalta a devoção coletiva, seja nos altares católicos ou nos terreiros de candomblé, e sugere que a esperança de redenção e proteção é uma característica marcante do povo brasileiro. Ao mencionar “Sangrou a terra, onde a paz chorou a guerra / Mas ele vai voltar”, o samba faz referência ao martírio de São Sebastião e à espera pelo retorno de Dom Sebastião, simbolizando a busca por justiça e renovação diante das adversidades. O cortejo que “vai subir pra saudar Sebastião” representa a força da coletividade e da tradição popular na construção da identidade e da resistência cultural do Brasil.