Samba-Enredo 2022 - Ka Ríba Tí Ÿe - Que Nossos Caminhos Se Abram

Resistência e ancestralidade em “Samba-Enredo 2022 - Ka Ríba Tí Ÿe - Que Nossos Caminhos Se Abram”

O samba-enredo “Ka Ríba Tí Ÿe – Que Nossos Caminhos Se Abram”, do G.R.E.S Paraíso do Tuiuti, destaca-se por unir a ancestralidade africana à luta atual do povo negro, usando referências históricas e espirituais para afirmar identidade e resistência. Logo no início, a letra menciona a abertura da porta da senzala e a “pegada de africano”, evocando a libertação da escravidão. O refrão exalta o sangue nobre de Mandela e Zumbi, conectando a luta contra o racismo no Brasil à resistência global, especialmente por meio de líderes como Nelson Mandela e Zumbi dos Palmares.

A música faz uso intenso da mitologia iorubá, citando Olodumarê, Oxalá, Orunmilá e Exu, mostrando como a espiritualidade é fonte de força e orientação. O trecho “Nos caminhos de Exu / Me perdendo, eu encontrei, nua e crua, essa verdade” sugere que, ao trilhar caminhos de transformação e comunicação, encontra-se a verdade sobre a origem do preconceito: a desigualdade. A referência à Pedra do Sal, local histórico de resistência negra no Rio de Janeiro, reforça o elo entre passado e presente. Ao citar figuras como Dandara, Mercedes Baptista, Mãe Stella de Oxóssi e Benjamin de Oliveira, o samba celebra personalidades que romperam barreiras e se tornaram símbolos de orgulho e inspiração. Metáforas como o “baobá malê que nasceu do chão” e a “força da melanina” afirmam a resiliência e o valor da identidade negra. Ao afirmar “Negro é cultura e saber”, a música destaca o papel fundamental da cultura afro-brasileira na sociedade, celebrando a beleza, a alegria e a esperança de um futuro mais igualitário.