Samba-Enredo 2024 - 4 de Dezembro

Sincretismo e ancestralidade em “Samba-Enredo 2024 - 4 de Dezembro”

O samba-enredo “Samba-Enredo 2024 - 4 de Dezembro”, do G.R.E.S. Sereno de Campo Grande (RJ), destaca a fusão entre o catolicismo e as religiões de matriz africana, um traço marcante do sincretismo religioso brasileiro. A letra celebra a força de Iansã/Oyá e a tradição de unir Santa Bárbara e Iansã, cultuadas juntas em 4 de dezembro, especialmente em Salvador. O trecho “Do canto da beata até o altar da santa / Um banho de água de cheiro / Em 4 de dezembro me visto de vermelho / Na Baixa do Sapateiro” mostra claramente como a devoção católica e as celebrações afro-brasileiras se misturam nas festas populares.

A música utiliza símbolos ligados a Iansã, como o raio, o fogo, a espada e a tempestade, reforçando sua imagem de orixá guerreira e senhora dos ventos. Ao citar outros orixás – “Xangô, Exu, Ogum, Oxaguiã” – a letra valoriza a ancestralidade e a diversidade religiosa. O refrão “Eparrey que bela oyá, Santa Bárbara chegou / E a coruja vem cantar em seu louvor” destaca a saudação a Iansã e a chegada de Santa Bárbara, enquanto a coruja, símbolo de sabedoria, reforça o caráter ritualístico do samba. Ao exaltar a liberdade, a força e a sensualidade de Iansã, a música também homenageia a resistência cultural e a alegria do povo, elementos centrais do samba-enredo e do Carnaval.