Poison Tree

A dualidade entre dor e poder em "Poison Tree" de Grouper

"Poison Tree", de Grouper, mergulha na ideia de aceitar e até desejar emoções negativas, inspirando-se diretamente no poema "A Poison Tree" de William Blake. A música explora como sentimentos como raiva e ressentimento, quando reprimidos, podem crescer e se transformar em algo destrutivo, mas também sedutor. Isso fica claro nos versos “Throwing poison seeds into the wind / Make the poison tree grow in me begin” (Jogando sementes venenosas ao vento / Faça a árvore venenosa começar a crescer em mim), onde a artista mostra que essas emoções, uma vez plantadas, criam raízes profundas dentro de si.

A letra vai além da simples aceitação da dor, sugerindo um desejo de se fundir com essa energia tóxica. Em “Let your branches fork my veins / Let your honey tide in me” (Deixe seus galhos ramificarem minhas veias / Deixe sua maré de mel em mim), a árvore venenosa se torna parte da identidade da narradora, misturando sofrimento e beleza. Versos como “Oh, beautiful poison tree, let your power grow in me” (Oh, bela árvore venenosa, deixe seu poder crescer em mim) e “Turn me into a poison tree” (Me transforme em uma árvore venenosa) reforçam a ideia de transformação interna, onde a tristeza e o veneno se tornam uma presença constante, quase um consolo. O contexto da música destaca que essa entrega à escuridão é consciente, refletindo sobre as consequências de abraçar sentimentos negativos em vez de superá-los. Assim, Grouper constrói uma atmosfera melancólica e introspectiva, usando o crescimento da "poison tree" como símbolo de autodestruição, mas também de busca por sentido e força em meio à dor.