No Time

“No Time” e a urgência de romper laços na estrada

Mais que um término, “No Time” soa como um manifesto de velocidade e independência. A urgência não é só na letra: a regravação para o álbum American Woman, com andamento mais rápido, amplia o recado de cortar laços e seguir adiante. O impulso de movimento domina versos como “On my way to better things” (A caminho de coisas melhores), “I’ll find myself some wings” (Vou encontrar minhas asas) e “Distant roads are calling me” (Estradas distantes estão me chamando), que trocam carência por ação e projetam estrada, asas e futuro. Esse espírito também nasce do molde country-rock associado ao Buffalo Springfield: Randy Bachman inverteu o riff da faixa Hung Upside Down, um gesto musical de “virar a página” que conversa com a decisão narrada.

As negativas enumeradas desenham o que fica para trás. “No time for a summer friend” (Sem tempo para um amigo de verão) e “No time for the love you send” (Sem tempo para o amor que você manda) rejeitam laços sazonais; “Seasons change and so did I” (As estações mudam e eu também mudei) marca a virada pessoal. “No time for a gentle rain” (Sem tempo para chuva mansa) recusa a melancolia, e “No time for my watch and chain” (Sem tempo para meu relógio e corrente) joga com a imagem de tempo e “grilhões”. “No time for revolving doors” (Sem tempo para portas giratórias) corta os ciclos; “No time for the killing floor” (Sem tempo para o chão de abate) ecoa o vocabulário do blues e o clássico de Howlin’ Wolf. A repetição de “No time” (Sem tempo) e “I got, got, got, got no time” (Eu não tenho, não tenho, não tenho, não tenho tempo) funciona como mantra rítmico e reforça a travessia sem olhar para trás — razão pela qual a faixa embala histórias de ruptura em Pirates of Silicon Valley, Fringe e Life on Mars.