Canção Desnecessária

A Profundidade da Valsa: Uma Análise de 'Canção Desnecessária' de Guinga

A música 'Canção Desnecessária' de Guinga é uma obra rica em metáforas e simbolismos, que explora a complexidade dos sentimentos humanos através da imagem de uma valsa. A valsa, tradicionalmente uma dança de três tempos, é aqui apresentada de forma avessa, contrária e ilusória, refletindo a natureza contraditória e muitas vezes confusa do amor e das emoções. A letra sugere que, assim como na valsa, é preciso pisar em falso para sentir o chão, indicando que os erros e tropeços são parte essencial da experiência emocional.

Guinga utiliza a valsa como uma metáfora para o amor, descrevendo-a como extemporânea, imaginária e etérea. Esses adjetivos ressaltam a natureza intangível e efêmera do amor, que muitas vezes só se revela plenamente quando a música cessa, ou seja, quando a paixão inicial se acalma e dá lugar a uma compreensão mais profunda. A 'antimatéria' que se apossa do coração e a 'canção desnecessária' que acessa o fundo oceano são imagens que evocam a profundidade e a complexidade dos sentimentos, que muitas vezes são difíceis de expressar ou compreender.

A música também aborda a ideia de esquecer o tempo e abraçar o sentimento, sugerindo que o amor verdadeiro transcende as limitações temporais e espaciais. A valsa, que é descrita como involuntária e mansa, soa em vão, mas ao mesmo tempo acessa memórias e sentimentos profundos. A letra finaliza com a imagem de uma valsa imensa que pulsa um coração, indicando que, apesar de todas as contradições e dificuldades, o amor é uma força poderosa e universal que nos conecta ao universo e aos nossos sonhos mais profundos.