Bolero de Satã

A Dor e a Paixão em 'Bolero de Satã' de Guinga

A música 'Bolero de Satã' de Guinga é uma obra que explora a intensidade e a dualidade das emoções humanas, especialmente no contexto de um amor avassalador e destrutivo. A letra começa com a imagem de alguém que entra na vida do eu-lírico como o sol da manhã, trazendo luz e uma sensação de renovação. No entanto, essa entrada também desencadeia uma 'festa pagã', sugerindo uma libertação de desejos e emoções primitivas e intensas.

A figura da 'cortezã infernal' que é libertada na outra pessoa e o 'amor atormentado e mau de satã' que desperta no eu-lírico indicam uma relação marcada por uma paixão intensa, mas também por sofrimento e tormento. A letra sugere que essa paixão é imortal e malsã, enraizando-se profundamente e prometendo um final maldito. A metáfora do sol da manhã que se transforma em angústia e afã à medida que o dia avança reforça a ideia de que o amor, inicialmente brilhante e promissor, se torna uma fonte de dor e desespero.

A música culmina com a imagem de um pântano de solidão, formado por lágrimas, sangue e veneno, que simboliza a devastação emocional do eu-lírico. A seta do arco da noite que sangra o coração do eu-lírico é uma poderosa metáfora para a dor contínua e a sensação de estar preso em um ciclo de sofrimento. 'Bolero de Satã' é, portanto, uma exploração poética e visceral das complexidades do amor e da dor, capturando a essência de uma paixão que é ao mesmo tempo irresistível e destrutiva.