Favourite Boy

Entre performance e afeto em “Favourite Boy”, Half Moon Run

Em “Favourite Boy”, a relação soa ensaiada: entre o show dela e “fake your smile” (finja o seu sorriso), tudo vira performance. “ringing in my ears” (zunido nos meus ouvidos) é barulho de show e ruído da dúvida. Ele tenta entrar — “I gave my name to the girl at the door / when you knew that it wasn’t there” (dei meu nome para a garota na porta / quando você sabia que meu nome não estava lá) — e percebe que não é prioridade. Surge a constatação “I know I’m not your favourite boy” (eu sei que não sou o seu garoto favorito) e o pedido “At least you could say I tried” (pelo menos você poderia dizer que eu tentei). O clipe teatral, feito com voluntários, e a gravação, quando o Half Moon Run testou tempos até achar o pulso, reforçam a sensação de encenação e descompasso.

A narrativa alterna intimidade e afastamento: “you look so good in that summer dress / against the colour of the sky” (você fica tão linda naquele vestido de verão / contra a cor do céu) contrasta com “I don’t know what’s happening” (eu não sei o que está acontecendo). O conflito: amor não correspondido e insegurança; ele oscila entre “your head upon my shoulder” (sua cabeça sobre meu ombro) e o ruído que corrói a confiança. Com “red moonlight” (luz de lua vermelha), entra o presságio; seguem “just waiting on a feeling” (apenas esperando por um sentimento) e admitem a perda de fé: “I know I’m not the only one / that stopped believin’” (eu sei que não sou o único / que deixou de acreditar). “floating a million miles away” (flutuando a um milhão de milhas de distância) resume o afastamento, entre sonhos e pesadelos, numa despedida.