Nightmare

Empoderamento feminino e resistência em “Nightmare” de Halsey

Em “Nightmare”, Halsey utiliza a abertura com uma oração infantil tradicional para criar um contraste marcante entre a inocência da infância e as dificuldades enfrentadas na vida adulta. Esse recurso evidencia como as expectativas sociais sobre as mulheres surgem cedo, mas logo são confrontadas por experiências de dor, resistência e necessidade de autodefesa. A interpolação de “All the Things She Said”, da t.A.T.u., reforça o tom de questionamento e rebeldia, especialmente contra normas que tentam controlar o comportamento e a sexualidade feminina.

A letra funciona como um manifesto de empoderamento, deixando claro que Halsey não aceita se submeter a padrões impostos. Isso aparece em versos como “Come on, little lady, give us a smile / No, I ain't got nothin' to smile about” (“Vamos lá, mocinha, nos dê um sorriso / Não, não tenho nada para sorrir”). Ela confronta o sexismo cotidiano e rejeita a ideia de que deve ser dócil ou agradar aos outros. Ao afirmar “I'm no sweet dream, but I'm a hell of a night” (“Não sou um sonho doce, mas sou uma noite infernal”), Halsey assume sua complexidade e intensidade, preferindo ser vista como um “pesadelo” a se encaixar em expectativas superficiais. O refrão “I keep a record of the wreckage of my life / I gotta recognize the weapon in my mind” (“Eu guardo um registro dos destroços da minha vida / Preciso reconhecer a arma na minha mente”) mostra que ela reconhece suas cicatrizes e transforma sua dor em força. O tom agressivo e confiante da música, junto ao videoclipe com elenco exclusivamente feminino, reforça a mensagem de que a raiva e a assertividade das mulheres são legítimas e necessárias diante de uma sociedade que tenta silenciá-las.