Jerusalem Of Gold

Saudade e esperança em “Jerusalem Of Gold” de Ofra Haza

“Jerusalem Of Gold”, interpretada por Ofra Haza, expressa a profunda saudade do povo judeu por Jerusalém, especialmente pela Cidade Velha, que ficou inacessível entre 1948 e 1967. O verso “ha'ir asher badad yoshevet uveliba khoma” (a cidade que senta solitária, com um muro em seu coração) retrata de forma clara a separação física e espiritual vivida nesse período, quando locais sagrados estavam sob controle jordaniano e os judeus eram impedidos de visitá-los. A música utiliza imagens como “Yerushalayim shel zahav, veshel nekhoshet veshel or” (Jerusalém de ouro, de bronze e de luz) para exaltar a cidade, destacando seu valor simbólico e centralidade na identidade judaica.

O contexto histórico é essencial para entender o tom nostálgico e reverente da canção. Escrita pouco antes da Guerra dos Seis Dias, a letra original reflete a dor da ausência e o desejo de retorno, como em “Eykha yavshu borot hamayim, kikar hashuk reyka” (como secaram os poços de água, a praça do mercado está vazia). Após a reunificação de Jerusalém, Naomi Shemer acrescentou um verso celebrando o acesso restaurado aos locais sagrados: “Shofar kore beHar haBayit ba'ir ha'atika” (o shofar soa no Monte do Templo, na cidade antiga). Assim, a música evolui da saudade para a esperança e celebração, tornando-se um símbolo nacional e espiritual de Israel. A referência à melodia basca “Pello Joxepe” sugere ainda um diálogo cultural, mas o destaque está em como a letra transforma uma experiência histórica coletiva em uma mensagem universal.