I Can’t Breathe

A denúncia direta do racismo em “I Can’t Breathe” de H.E.R.

“I Can’t Breathe”, de H.E.R., se destaca pela abordagem direta e contundente ao denunciar a hipocrisia social e política em torno do racismo nos Estados Unidos. O título da música, retirado das últimas palavras de George Floyd, carrega um peso simbólico e literal, tornando-se um grito coletivo contra a brutalidade policial e o racismo sistêmico. Ao questionar “If we all agree that we're equal as people / Then why can't we see what is evil?” (Se todos concordamos que somos iguais como pessoas / Então por que não conseguimos enxergar o que é mal?), H.E.R. evidencia a distância entre o discurso de igualdade e a realidade vivida por pessoas negras no país.

A letra faz conexões históricas ao citar “Stripped of bloodlines, whipped and confined / This is the American pride” (Privados de linhagem, chicoteados e confinados / Este é o orgulho americano), relacionando a opressão atual à escravidão e à violência que marcaram a história dos Estados Unidos. O verso “Saying the protector and the killer is wearing the same uniform” (Dizendo que o protetor e o assassino vestem o mesmo uniforme) denuncia a violência policial, enquanto “The revolution is not televised / Media perception is forced down the throats of closed minds” (A revolução não é televisionada / A percepção da mídia é empurrada goela abaixo de mentes fechadas) critica a manipulação da mídia e a superficialidade do debate público. A referência a “strange fruit hanging from my family tree” (fruto estranho pendurado na árvore genealógica da minha família) remete à canção de Billie Holiday sobre linchamentos raciais, ampliando o alcance histórico da denúncia. Inspirada pelos protestos globais e pelas mortes de George Floyd e Breonna Taylor, H.E.R. transforma “I Can’t Breathe” em um hino contemporâneo que exige justiça, empatia e mudança real.