Olhar do Sertão
Herbert Lucena
Olha "seu" moço
A onde quer que eu vá
Levo no caminhar
O sertão do meu Brasil
Não sou vaqueiro
Mas conduzo a boiada
É que meu samba é de vanguarda
Mas tem raiz no chão
Olha "seu" moço
É que eu vivo de cantar
As coisas do meu lugar
Partes do meu torrão
Sou poeta
Cantador da madrugada
O meu samba tá na alma
Nasceu Brasil Sertão
Mas "seu" moço
Atacaram meu terreiro
Com um samba sem pandeiro
Sem sanfona e sem ganzá
Sem reluzir
Sem respeito a minha rima
Sem os versos e poesias
Que brotam no meu lugar
Atacaram a mim
Feito canguçu
Sou caboclo sertanejo
E carrego no peito
A marca da urutu
Escutem as vozes
Dos poetas-violeiros
Passeando no terreiro
Da cultura popular
No trava-língua
Do cantador de coco
É por isso que "seu" moço
O sertão tá no meu olhar
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