Bleat

Autoconfiança e trocadilhos em “Bleat” de Hernani da Silva

Em “Bleat”, Hernani da Silva exibe uma autoconfiança marcante, usando comparações ousadas para afirmar seu lugar de destaque no rap. Ele se coloca no mesmo patamar de grandes nomes e instituições, como no verso “Deviam estudar-me na MIT / Isto é poetry Sou um ET disfarçado em IT” — aqui, ele brinca com a ideia de que seu talento é tão avançado que deveria ser estudado no MIT, misturando referências à tecnologia, genialidade e criatividade. Ao se autodenominar “Mistura de Rei e Deus, sou um King God” e afirmar que “rappers acabam em cinza”, Hernani reforça sua superioridade, chegando a desumanizar os rivais ao dizer que se transforma em um “demon” sem coração.

O contexto da carreira de Hernani, iniciada ainda na adolescência e marcada por inovação no rap moçambicano, aparece quando ele diz: “Duas décadas nisto e nunca vi navios / Yeah, tou tipo a Penélope”. A referência à Penélope, personagem que esperou anos sem perder a esperança, destaca sua persistência e paciência no cenário musical. Os trocadilhos são um ponto forte da faixa, como em “Porque a pen aqui é pen à king”, onde ele brinca com o duplo sentido de “pen” (caneta e pênalti). No final, ao afirmar “Ain’t nobody fucking with me, só posso abrir um Tinder” (Ninguém está à minha altura, só me resta abrir um Tinder), Hernani ironiza a ausência de concorrentes à sua altura, mantendo o tom provocador e seguro que define a música.