Na Água de Oxum (part. Margareth Menezes e Linn da Quebrada)

A Cura e a Identidade na Água de Oxum

A música "Na Água de Oxum" de Hiran, com participações de Margareth Menezes e Linn da Quebrada, é uma celebração da espiritualidade, da identidade e da cura. A repetição do refrão por Margareth Menezes, "Foi na água de Oxum que eu achei morada", evoca a figura de Oxum, a orixá das águas doces, do amor e da fertilidade no candomblé e na umbanda. A água de Oxum é um símbolo de purificação e renovação, um lugar onde se encontra abrigo e paz. A referência ao "abraço de um rei" e à "casa de um rei" sugere um encontro com a ancestralidade e a realeza espiritual, onde se encontra um sentido de pertencimento e completude.

Linn da Quebrada traz uma reflexão profunda sobre a prisão das identidades e das experiências de vida. Ela fala sobre a dualidade de estar entre "chegar e não ir", e a dor de viver entre conceitos distorcidos de raça e identidade. A metáfora da "água de Oxum" que pode lavar e purificar é usada para ilustrar a possibilidade de cura e transformação. A menção ao "chão do agreste" e à "lagoinha que virou mar" reforça a ideia de que, mesmo em ambientes áridos e desafiadores, a transformação e a renovação são possíveis.

Hiran, por sua vez, compartilha uma jornada pessoal de luta e autodescoberta. Ele fala sobre as dificuldades de amar e a necessidade de lutar contra a insegurança e a depressão. A busca por identidade e pertencimento é um tema central, e ele encontra força na figura materna e na própria pele, celebrando sua herança e trajetória. A repetição do refrão ao final da música reforça a ideia de que a cura e o pertencimento são encontrados na espiritualidade e na conexão com a ancestralidade, simbolizados pela água de Oxum.