De Selby (Part 1)

Reflexão sobre identidade e escuridão em “De Selby (Part 1)”

Em “De Selby (Part 1)”, Hozier utiliza versos em gaélico irlandês para reforçar suas raízes culturais e criar uma atmosfera de mistério e transformação. Inspirado no personagem De Selby, do romance "The Third Policeman", a música explora a escuridão como um espaço onde as fronteiras da identidade se desfazem e a introspecção se aprofunda.

A letra apresenta a noite como um momento de libertação, como nos versos: “You take in the blackness of air / The likes of a darkness so deep / That God, at the start, couldn't bear” (“Você absorve a escuridão do ar / Uma escuridão tão profunda / Que Deus, no início, não suportaria”). Hozier sugere que a noite é tão intensa que nem mesmo Deus conseguiria enfrentá-la, refletindo as ideias de De Selby sobre a dissolução do eu na escuridão. O trecho “To the bliss of not knowing yourself / With all mirroring gone from the world” (“Para o prazer de não se conhecer / Com todos os reflexos desaparecidos do mundo”) destaca a liberdade de se perder do próprio ego quando não há referências externas. No entanto, a mente humana resiste ao vazio, tentando preenchê-lo com “something or someone” (“algo ou alguém”), mostrando a inquietação diante do desconhecido.

Como faixa de abertura do álbum “Unreal Unearth”, a canção convida o ouvinte a uma jornada de autodescoberta e transformação, em referência à “Divina Comédia” de Dante, onde a descida ao submundo é necessária para a ascensão. Os versos finais em gaélico falam sobre a chegada da noite e a arte da transformação, reforçando a ideia de que a escuridão é um espaço fértil para mudanças e renascimentos.