Made In Heaven

A Dualidade do Desejo e da Depravação em 'Made In Heaven' de Hyde

A música 'Made In Heaven' de Hyde explora temas profundos e sombrios, utilizando uma linguagem carregada de metáforas e simbolismos. A letra aborda a criação e a existência de um ser que é, ao mesmo tempo, divino e pecaminoso, refletindo uma dualidade inerente à natureza humana. A expressão 'Made in heaven' sugere uma origem celestial, mas a letra rapidamente mergulha em impulsos destrutivos e desejos carnais, como evidenciado nas linhas 'Hakai shoudou ni seiteki shoudou' (impulso destrutivo e impulso sexual) e 'I want your blood, give it to me' (Eu quero seu sangue, dê-o para mim).

A canção também toca em temas de controle e submissão, com o narrador assumindo um papel dominante, quase vampírico, ao pedir o sangue de seu interlocutor e prometer guiá-lo. A repetição de 'instinctively' (instintivamente) enfatiza a natureza primal e incontrolável desses desejos. A letra sugere uma entrega total aos impulsos mais básicos e primitivos, culminando em uma 'sweet depravity' (doce depravação) que é tanto assustadora quanto sedutora. A dualidade entre luz e escuridão é reforçada pela linha 'Yami naki hikari nashi' (sem escuridão, sem luz), indicando que um não pode existir sem o outro.

Hyde, conhecido por seu trabalho solo e como vocalista da banda L'Arc-en-Ciel, frequentemente explora temas sombrios e complexos em suas músicas. Seu estilo musical e lírico é marcado por uma mistura de romantismo gótico e rock alternativo, criando uma atmosfera que é ao mesmo tempo melancólica e intensa. 'Made In Heaven' não é exceção, utilizando uma narrativa quase teatral para explorar os limites do desejo humano e a busca por satisfação em meio à depravação.

A música também pode ser vista como uma crítica à sociedade moderna, onde os desejos e impulsos são frequentemente reprimidos ou explorados de maneiras destrutivas. A ideia de 'slaves of desire' (escravos do desejo) sugere uma falta de controle e uma rendição aos impulsos mais básicos, refletindo uma luta interna entre a razão e a emoção. A canção, portanto, serve como um espelho para os conflitos internos que todos enfrentamos, tornando-se uma reflexão poderosa sobre a natureza humana e seus extremos.