Allergy

Insegurança e cultura digital em "Allergy" do i-dle

"Allergy", do i-dle, transforma insegurança e autodepreciação em um pop punk repleto de críticas à cultura digital e à pressão estética. Logo no início, versos como “I'm a hater of Instagram, hater of TikTok” (“Eu odeio Instagram, odeio TikTok”) deixam claro o incômodo com a comparação constante nas redes sociais. O refrão, com “Why ain't I pretty? Why ain't I lovely? Why am I me?” (“Por que não sou bonita? Por que não sou adorável? Por que sou eu?”), expõe o ciclo de insatisfação e a busca por validação externa. A expressão “내 거울 알러지” (alergia ao meu espelho) simboliza o desconforto com a própria imagem, como se olhar para si mesma causasse uma reação alérgica, mostrando o quanto a autoimagem pode ser distorcida pela pressão social.

A música faz referências diretas à cultura pop, como quando Shuhua canta “I also want to dance Hype Boy but in the screen, I'd look like Tomboy” (“Também quero dançar Hype Boy, mas na tela, eu pareceria Tomboy”). Aqui, ela compara o desejo de ser como as garotas do NewJeans (“Hype Boy”) com a própria imagem em “Tomboy”, sucesso do próprio grupo, mostrando que a comparação nunca cessa, nem mesmo dentro do K-pop. O videoclipe, inspirado em "Meninas Malvadas" e outros ícones dos anos 2000, reforça visualmente essa crítica: Soyeon tenta se encaixar nos padrões das populares, mas só encontra frustração e a ideia de recorrer à cirurgia plástica, refletindo a pressão real que muitas jovens sentem.

No final, "Allergy" faz um retrato ácido e bem-humorado da geração que cresceu online, sempre se sentindo "menos" diante dos filtros e padrões inalcançáveis. O pedido por um “hate button” ou “like button” ironiza a dependência de aprovação digital, enquanto a repetição de “love me, love me, love me” (“me ame, me ame, me ame”) escancara o desejo universal de aceitação. O i-dle usa sarcasmo e referências pop para expor o lado tóxico das redes sociais, mantendo um tom jovem e autêntico que faz a música ressoar com tanta gente.