Samba-Enredo 2026 - Camaleônico

Pluralidade e transformação em “Samba-Enredo 2026 - Camaleônico”

"Samba-Enredo 2026 - Camaleônico", interpretado pelo G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense (RJ), homenageia Ney Matogrosso ao destacar sua identidade múltipla e sua capacidade de se reinventar. Logo nos primeiros versos, a letra apresenta Ney como "meio homem, meio bicho / O silêncio e o grito / Pássaro, mulher", ressaltando sua habilidade de transitar entre gêneros, estilos e personas, marca registrada de sua carreira e de sua presença de palco. O trecho "pinta a verdade no rosto / Traz a coragem no corpo" faz referência ao uso expressivo de maquiagem e figurinos, símbolos da liberdade artística de Ney e de sua recusa em se submeter a padrões tradicionais, tema central do enredo da escola.

A música também traz referências diretas a momentos marcantes da trajetória de Ney Matogrosso, como "Homem com H", "Rosa de Hiroshima", "O Vira" e "Sangue Latino". Por exemplo, "A voz que à cálida Rosa deu nome" remete à sua interpretação de "Rosa de Hiroshima", enquanto "O sangue latino que vira / Vira, vira lobisomem" brinca com a ideia de transformação, evocando tanto "Sangue Latino" quanto "O Vira". O verso "poema que afronta o sistema" reforça o papel contestador de Ney, sempre desafiando normas sociais e censuras. Já "devoro pra ser devorado / Não vejo Pecado ao Sul do Equador" celebra sua liberdade sexual e rejeição de tabus. O refrão, ao convidar todos para a festa e exaltar a escola, transforma a celebração da diferença em um ato coletivo de alegria e afirmação, refletindo o espírito camaleônico de Ney Matogrosso e da Imperatriz Leopoldinense.