Samba-Enredo 2017 - Xingu, o Clamor Que Vem da Floresta

Resistência indígena e natureza em “Samba-Enredo 2017 - Xingu, o Clamor Que Vem da Floresta”

O samba-enredo “Samba-Enredo 2017 - Xingu, o Clamor Que Vem da Floresta”, da G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense (RJ), faz uma crítica direta à Usina Hidrelétrica de Belo Monte, chamada de “belo monstro” na letra, expressão usada por indígenas e ambientalistas para denunciar os impactos ambientais e sociais causados pela obra no Xingu. A música também destaca a figura de Raoni Metuktire, importante líder indígena, como símbolo de resistência e inspiração para as novas gerações, especialmente no trecho: “Escuta menino, Raoni ensinou / Liberdade é o nosso destino”.

A letra valoriza a cultura e a luta dos povos indígenas do Xingu, ressaltando a importância da preservação ambiental e das tradições ancestrais. Trechos como “Kararaô, kararaô / O índio luta pela sua terra” expressam o grito de resistência diante das ameaças ao território e à existência desses povos. O samba exalta rituais como o Kuarup e a relação harmoniosa dos indígenas com a natureza, vista como “jardim sagrado” e fonte de vida. Ao mesmo tempo, denuncia a destruição provocada pela ganância e por grandes projetos, como Belo Monte, que “rouba as terras dos seus filhos / Devora as matas e seca os rios”.

A canção também aborda o sentimento de exclusão e dor dos povos indígenas, como em “Sou o filho esquecido do mundo / Minha cor é vermelha de dor”, mas reforça sua força e papel fundamental na identidade brasileira: “Semente, eu sou a primeira / Da pura alma brasileira”. O samba-enredo é, assim, um chamado à memória, à luta e à valorização dos guardiões da floresta, defendendo a integração e o respeito à diversidade como caminhos para o futuro do país.