Pabellón Séptimo (relato de Horacio)

Memória e denúncia em "Pabellón Séptimo (relato de Horacio)"

"Pabellón Séptimo (relato de Horacio)", de Indio Solari, retrata de forma direta e impactante o horror vivido pelos detentos durante a "Masacre en el Pabellón Séptimo" em 1978, na Argentina. A música se baseia no relato de Horacio, um sobrevivente, e na experiência pessoal de Solari, que perdeu um amigo na tragédia. O verso “¡Me asfixio! ¡Dios! Pienso en mi cara / Se está quemando, ahora, mi cara, ¡Dios!” transmite o desespero dos presos durante o incêndio, enquanto a referência aos colchões queimando e às portas trancadas reforça a sensação de aprisionamento e abandono, elementos centrais do massacre e da crítica ao sistema penitenciário argentino.

A letra alterna entre a brutalidade dos acontecimentos e a memória dos que se foram, como em “Nadie es capaz de matarte en mi alma”, e na homenagem direta a Pablo no final, mostrando como o trauma e a perda permanecem presentes. O trecho “Así te dan, así te quiebran / Así te dan por culo, allí sin más” explicita a violência institucional e a humilhação sofrida pelos presos, reforçando a denúncia de Solari sobre a cumplicidade social diante da repressão. Ao mencionar a “Vieja Cosechera” (metáfora para a morte) que “no quiso besar mi vida” (não quis beijar minha vida), o narrador revela que sobreviver foi um acaso, não um alívio. O desejo de liberdade, expresso em “Si va a pasar algo conmigo / Quiero que sea en libertad, allá afuera” (Se algo for acontecer comigo / Quero que seja em liberdade, lá fora), sintetiza a esperança de escapar não só da prisão física, mas também do ciclo de violência e esquecimento. A música funciona como um testemunho e um grito de memória contra a impunidade e o silenciamento das vítimas.