Saída

Rebeldia e autenticidade em "Saída" do Ira!

Em "Saída", do Ira!, a letra expressa uma rejeição clara às expectativas sociais impostas à juventude, especialmente no contexto dos anos 80. Ao afirmar "não vou gritar que te amo" e recusar o papel de "futuro da nação", a música critica a pressão para se encaixar em padrões tradicionais e assumir responsabilidades que não refletem os desejos individuais. Esse posicionamento reflete o espírito de rebeldia da época e a vontade do grupo, especialmente de Edgard Scandurra, de romper com convenções desde a adolescência.

O verso "Vou rasgar toda gravata / Vou viver na praia" simboliza o desejo de abandonar a vida formal e urbana, representada pelo uso da gravata, em troca de uma existência mais livre e autêntica. A música também ironiza figuras de autoridade, como em "os homens que se julgam espertos / vão ficar tão engraçados, atrás de suas mesas", mostrando desprezo pelo conformismo e pela rotina burocrática. O convite "Se quiser, venha, mulher" reforça o tom descontraído e a abertura para novas experiências, sem submissão ou dependência. A estrutura da letra, sem rimas convencionais e inspirada pelo inglês, contribui para o tom direto e espontâneo, reforçando a autenticidade e a recusa em seguir fórmulas prontas, tanto na vida quanto na arte.