É Assim Que Me Querem

Crítica social e manipulação em “É Assim Que Me Querem”

A música “É Assim Que Me Querem”, do Ira!, faz uma crítica direta à manipulação social e à alienação promovidas pela mídia e pelo governo. Logo no início, versos como “Estou sonhando de olhos abertos / Estou fugindo da realidade” mostram um estado de apatia e fuga, reforçado pelo uso de álcool e drogas. Esse comportamento não é apenas um escapismo individual, mas também representa a condição desejada por uma sociedade que prefere cidadãos desatentos e conformados. O refrão “É assim que me querem / Sem que possa pensar / Sem que possa lutar / Por um ideal” deixa claro que essa passividade é conveniente para quem está no poder, pois impede questionamentos e mobilizações por mudanças.

A letra também denuncia a hipocrisia das políticas públicas, principalmente no combate às drogas e na repressão às periferias. O trecho “E me vendem essa droga / E me proibem essa droga / Para os desavisados poderem pensar que o governo combate” evidencia o duplo padrão: enquanto o tráfico e o consumo são criminalizados entre os mais pobres, há permissividade e até envolvimento de setores privilegiados, como sugerido em “Juntando dinheiro corrupto para a platina no nariz”. Além disso, a música critica a violência midiática e a aceitação da pena de morte, como em “Ao ver na TV todo o sangue jorrar / E ainda aprovar a pena capital”, apontando para uma sociedade dessensibilizada e manipulada, que consome violência como entretenimento e legitima medidas extremas sem reflexão. Assim, a canção serve como um alerta sobre os mecanismos de controle social e a importância de romper com a alienação para recuperar a capacidade de pensar e lutar por ideais.