ASTROBOY (part. CHAMELEO e CyberKills RMX)

Identidade e resistência em “ASTROBOY (part. CHAMELEO e CyberKills RMX)”

“ASTROBOY (part. CHAMELEO e CyberKills RMX)”, das Irmãs de Pau, destaca-se por unir referências da cultura pop japonesa ao universo LGBTQIA+ periférico, criando uma celebração ousada da liberdade sexual e da identidade. O personagem Astroboy, famoso robô dos animes, é usado como metáfora para uma persona que combina força, desejo e vulnerabilidade. O verso “Eu não sou de aço, mas, se precisar me faço de Astroboy” conecta a ideia de resistência e adaptação, temas presentes na vivência de travestis negras da periferia, e reflete o contexto das próprias artistas.

A letra mistura humor, irreverência e sexualidade explícita, usando duplos sentidos e invertendo papéis de gênero de forma provocativa: “Belo par de seios e um par de pinto / No pau, cê brinca e rebola, menino / Menina ativa, menino passivo”. Assim, desafia normas tradicionais e celebra corpos e desejos diversos, fazendo referência direta à experiência travesti e à fluidez de gênero. O refrão em inglês, “Só pros gringo' entender”, brinca com a internacionalização do funk e a vontade de ser compreendido além das fronteiras, sem perder o tom debochado. O cenário de festas, drogas e rolês na quebrada reforça o contraste entre glamour e a realidade dura, marca registrada das Irmãs de Pau, que usam a música como espaço de afirmação e resistência. O resultado é uma faixa que mistura diversão, crítica social e empoderamento, mantendo sempre um tom provocador e acessível.