Tapi Djêe

Resistência e esperança em "Tapi Djêe" de Isaú Meneses

Em "Tapi Djêe", Isaú Meneses utiliza a repetição do refrão “Tapira kwache ninga malembe (lemo, levo, lemo, levo)” para criar um ritmo envolvente que simboliza a persistência diante das adversidades. Esse tema ganha ainda mais significado ao se considerar a história de vida do próprio artista, que perdeu a visão na infância e se tornou um exemplo de superação. O título, vindo de um dialeto local, expressa anseio e luta, refletidos em versos como “malembe” (lentamente, com paciência) e “xuka ya cena” (o amanhecer de um novo dia), que sugerem esperança e renovação mesmo após períodos difíceis.

A letra mistura expressões tradicionais e imagens do cotidiano, como em “Kuipa kwache ninga badwa wakugona (tapi dje, tapi dje)”, que pode ser entendida como a dor de quem desperta após um sono pesado, simbolizando tanto o peso das dificuldades quanto a possibilidade de recomeço. Frases como “Sani passa nsala” (passa a fome) e “Ninga mungo wa tchaka” (como o milho do campo) conectam a música à realidade de muitos moçambicanos, abordando temas como luta diária, fome e resiliência. A instrumentação acústica e percussiva, junto ao chamado “Tibula ngoma tidve!” (toquem o tambor para ouvirmos!), transforma a canção em um hino de resistência coletiva e esperança, celebrando a força e a alegria de um povo que enfrenta desafios com dignidade.