Guerra de Poder

Racismo estrutural e resistência em "Guerra de Poder"

"Guerra de Poder", de Italiarltk, retrata de forma direta a vivência de um jovem negro diante das estruturas racistas e opressoras da sociedade brasileira. Logo no início, versos como “Duquesa chamou minha avó de macaca falcatrua / O topo da hierarquia é mais imundo do que nas ruas” expõem o racismo institucional e a hipocrisia das elites, mostrando que a violência simbólica e estrutural pode ser ainda mais cruel do que a violência explícita das ruas. A menção ao “cabelo black style, solitário 8Mile” faz referência à identidade negra e periférica, além de evocar o filme "8 Mile" como símbolo de resistência e superação em meio à adversidade.

A música também estabelece um elo entre o passado e o presente, como em “Antepassado preto escravizado, a cor do pecado foi o que disseram”, ressaltando como o legado da escravidão ainda impacta a juventude negra. O artista se coloca em posição de enfrentamento ao afirmar que “taca fogo na indústria” antes dos 20 anos, indicando uma postura de combate ao sistema. Trechos como “Bala não atinge fogo na laringe / Pólvora no sangue, a vida é um efeito boomerang” mostram que a voz e a arte são armas de resistência. Ao abordar a tentação do crime e a proximidade com a morte – “por pouco eu não peguei aquela nove no faro” – Italiarltk revela o ciclo de violência e a falta de oportunidades, mas também destaca a força de quem sobrevive e reivindica sua identidade: “sangue africano com indígena aqui de novo”. O tom da música é de denúncia, mas também de afirmação e luta diária.