O Emigrante

Se for bazar deixa-me então já falar
Me despedir com honra
Falar tudo o que sinto
O povo sabe que não minto
Por favor não me entenda mal
Não é que eu queira mal
Quem quiser pode entender mal

Não vou mudar
Mas por quê?
Mataram o artista
Diz-me só porquê
Depois de muitas letras, muitos coros
Tantas actuações

Me puseram de lado, me iludiram
Disseram meu caché era alto
Mas por que?
Mataram o artista
Diz-me só porquê

Se em cascais tem gente que pede mais
Se até quem tem mania
Pede bis a toda a hora
Ó por quê?

Se for bazar deixa-me então já falar
Me despedir com honra
Falar tudo o que sinto
O povo sabe que não minto
Por favor não me entenda mal
Não é que eu queira mal
Quem quiser pode entender mal

Não vou mudar
Mas o salafraio
Nem quer olhar para a sua cara no espelho
Convencido que é, só ego que é
O própiro madié, não vai longe

Vivo nesse país, onde em dezembro
Toda a gente se ama, se esconde a lama
Atrás da cama, prendas e pimpas
Pra'ra aliviar o nosso sofrimento

Se for bazar deixa-me então já falar
Me despedir com honra
Falar tudo o que sinto
O povo sabe que não minto

Por favor não me entenda mal
Não é que eu queira mal
Quem quiser pode entender mal

Não vou mudar
Universo de harmonia
Onde quem faz a arte
Não pressente o mal
Produtoras de macuto
Que cavam sepulturas
Para enterra os seus artistas

Num universo de inocente
Onde quem quer crescer
Não pressente o mal
Já dizia alguém um dia
Que a arte aqui em angola
Dá pra'ra bajús e campanhias
Até quando?

Me fizeram comprar carros caros
Me fizeram comprar joias raras
Me fizeram viver de aparências
Sem sequer medir as consequências
Se não fosse pequeno a barengue
Hoje eu estava dançando o merengue
No palco de quem me paiou

Se for bazar deixa-me então já falar (deixa-me bazar)
Me despedir com honra (deixa-me falar)
Falar tudo o que sinto (deixa-me partir)
O povo sabe que não minto (o povo sabe)
Por favor não me entenda mal (o povo sabe)
Não é que eu queira mal
Quem quiser pode entender mal

Não vou mudar
Se for bazar deixa-me então já falar (deixa-me bazar, bazar)
Me despedir com honra
Falar tudo o que sinto (deixa-me falar, falar)
O povo sabe que não minto
Por favor não me entenda mal
Não é que eu queira mal
Quem quiser pode entender mal
Não vou mudar