Farinhada

Romance e Tradição na Farinhada: Uma Análise de 'Farinhada' de Ivon Curi

A música 'Farinhada' de Ivon Curi é uma celebração da cultura e das tradições do interior do Brasil, especialmente das regiões rurais. A letra descreve uma cena típica de uma farinhada, um evento comunitário onde se produz farinha de mandioca. Esse cenário é usado como pano de fundo para um romance inocente e cheio de encanto entre o narrador e uma jovem, referida como 'cabôca', termo carinhoso e regional para 'cabocla', uma mulher mestiça de indígena e branco.

A farinhada é um evento que envolve toda a comunidade, e a música captura essa atmosfera de trabalho coletivo e diversão. Enquanto a mininada (criançada) descasca macaxeira (mandioca), o narrador e sua amada estão na peneira, um instrumento usado para separar a farinha. A peneira, nesse contexto, torna-se um símbolo de proximidade e intimidade, onde o trabalho e o namoro se entrelaçam. O vento que sacode a 'cabilêra' (cabeleira) e levanta a saia da jovem adiciona um toque de sensualidade e espontaneidade à cena, mostrando como a natureza também participa desse momento de romance.

O pai da jovem, ao descobrir o namoro, inicialmente se preocupa, mas acaba rindo da situação, o que sugere uma aceitação e até uma cumplicidade com o romance. Esse detalhe reforça a ideia de que o amor e a alegria são parte integrante das tradições e da vida comunitária. A repetição do refrão 'Tava na peneira, eu tava peneirando / Eu tava num namoro, eu tava namorando' enfatiza a dualidade entre o trabalho e o prazer, mostrando que, na simplicidade da vida rural, esses dois aspectos podem coexistir harmoniosamente.

'Farinhada' é, portanto, uma ode à vida simples e às tradições do campo, onde o trabalho comunitário e os relacionamentos pessoais se entrelaçam de maneira natural e alegre. Ivon Curi, com sua interpretação carismática, consegue transmitir a beleza e a leveza desse cotidiano, fazendo com que o ouvinte se sinta parte dessa celebração.