PLATEAU

Entre euforia e estagnação em “PLATEAU”, de Ivoxygen

O título “PLATEAU” sugere a vida no platô: depois do pico, nada avança. A letra retrata essa anestesia emocional. A dúvida “What the hell am I doing in this party right here” (Que diabos eu estou fazendo nesta festa aqui) volta como mantra, enquanto ele se perde entre pontos da noite: “I’m over here / Then over there” (Eu estou aqui / depois ali) e admite estar “intoxicated” (alterado). “Waiting for the x call” (Esperando a ligação do X) reforça o ciclo de excessos — “X” como ecstasy —, mas também soa como “ex call”, a ligação de um antigo caso para preencher o vazio. O despertar entre “friends I don’t even talk” (amigos com quem eu nem falo) e “the girl I don’t know” (a garota que eu não conheço) expõe relações superficiais, e o estranhamento de si aparece em “I know it’s not me” (eu sei que não sou eu).

As cenas ampliam a desconexão: “Walking with the figures” (Caminhando com as figuras) soa como atravessar a noite entre sombras sem rosto, enquanto “Everybody friend when you’re doing so good” (Todo mundo é amigo quando você está indo tão bem) denuncia amizades por conveniência. Ainda assim, há um pedido de afeto em “All they tryna do is fall back into my arms / Don’t we all need so much love…” (Tudo que eles estão tentando é cair de volta nos meus braços / Será que todos nós não precisamos de tanto amor…). A ambivalência explode em “I don’t wanna stop / Can you hear me out” (Eu não quero parar / Você pode me ouvir?), e os sussurros “You wake up” (Você acorda) soam como a consciência chamando. O “plateau” é químico e existencial: euforia que não sobe mais e vida que estagnou num ciclo de festa e fuga.