Toda Forma de Amar

Amor diverso em “Toda Forma de Amar”, de IZA, na TV

Ao reimaginar “Paula e Bebeto” (1975) como “Toda Forma de Amar” para a abertura de “Malhação: Toda Forma de Amar”, IZA e Milton Nascimento atualizam um clássico como declaração de inclusão afetiva. O uso de “vera” — forma popular de “a vera”, “de verdade” — colado a “brincadeira” em “vida que amor brincadeira, vera” expõe a chave da canção: o amor pode ser leve sem perder a seriedade. Ao insistir em “qualquer maneira de amor vale a pena / qualquer maneira de amor vale amar”, a letra legitima todas as formas de amar, espelhando o tema da novela e sua aposta em um 2019 mais diverso.

Há também um gesto de dar voz ao que foi calado: “qual a palavra que nunca foi dita” aponta para amores e identidades silenciados, que aqui ganham espaço e nome. Quando afirma “eles se amam de qualquer maneira, vera / eles se amam é pra vida inteira”, o texto universaliza o casal e reconhece a possibilidade de permanência do afeto sem impor modelos. Trechos como “qualquer maneira de amor vale aquela / qualquer maneira de amor valerá” personalizam a aceitação e a projetam para o futuro, enquanto “qualquer maneira de amor vale o canto / qualquer maneira me vale cantar” transforma a própria música em celebração e legitimação. A parceria entre IZA e Milton Nascimento une gerações e reafirma, com clareza e força, que amar — de muitos jeitos e de verdade — é legítimo e merece ser cantado.