Mãe D'águas

Iemanjá e ancestralidade em "Mãe D'águas" de J. B. de Carvalho

A música "Mãe D'águas", de J. B. de Carvalho, valoriza a figura de Iemanjá, chamada de "Rainha das ondas" e "sereia do mar". Esses termos remetem diretamente à tradição afro-brasileira e à importância da religiosidade popular. O verso “seu canto é bonito quando faz luar” associa Iemanjá à beleza e ao mistério do mar iluminado pela lua, criando uma atmosfera de respeito e fascínio. O contexto histórico da composição reforça esse tom de homenagem: J. B. de Carvalho escreveu a música em uma época em que manifestações culturais afro-brasileiras sofriam preconceito e repressão, tornando a exaltação de Iemanjá um ato de resistência e valorização das raízes africanas.

A letra também destaca o impacto emocional e espiritual de Iemanjá sobre os pescadores, como nos versos “sempre faz o pescador chorar” e “quem escuta a Mãe D'água cantar vai com ela pro fundo do mar”. Esses trechos podem ser entendidos tanto como referência ao encantamento e à proteção que a divindade oferece aos que vivem do mar, quanto como metáfora para o chamado irresistível do sagrado, capaz de levar o devoto a uma entrega profunda. Assim, "Mãe D'águas" celebra não só Iemanjá, mas também a ligação entre o povo, o mar e as tradições religiosas afro-brasileiras, transmitindo sentimentos de serenidade, respeito e devoção.