Suerte

Contradições e vulnerabilidade em "Suerte" de J Balvin

Em "Suerte", J Balvin explora a tensão entre suas crenças pessoais e a realidade emocional de um término. Apesar de já ter afirmado publicamente que "a sorte não existe" e que o sucesso depende de esforço e mentalidade, na música ele repete: “Puse to'a' las cartas, se lo dejo a la suerte” (Coloquei todas as cartas, deixo para a sorte). Isso revela uma contradição: mesmo alguém que valoriza o controle e a determinação pode se sentir impotente diante do fim de um relacionamento, mostrando que sentimentos nem sempre seguem a lógica racional.

A letra traz a saudade e a frustração de quem perdeu alguém, com versos como “Me haces tanta falta verte, comerte” e questionamentos sobre o que levou ao término: “¿qué te hice? Tus amigas, ¿qué te dicen? La suegra, ¿por qué me maldice?” (O que eu te fiz? O que suas amigas dizem? Por que sua sogra me amaldiçoa?). J Balvin também insere referências culturais, como “estoy free como Tempo” (estou livre como Tempo, rapper que ficou preso e depois foi libertado), e metáforas como “los sentimientos, como un valet los parqueo” (os sentimentos, como um manobrista, eu estaciono), mostrando a tentativa de controlar emoções. As menções a “Tokio” e “Río” remetem à série “La Casa de Papel”, simbolizando uma conexão intensa e única, agora perdida.

O tom direto e descontraído reforça a sinceridade de J Balvin ao expor sua vulnerabilidade. Mesmo dizendo que deixa tudo para a sorte, a letra revela o desejo de reconciliação e a dificuldade de seguir em frente, destacando a complexidade dos relacionamentos e a influência do destino, mesmo para quem acredita no próprio esforço.