G.O.M.D.

Conflitos internos e resistência em "G.O.M.D." de J. Cole

Em "G.O.M.D.", J. Cole aborda de forma direta as pressões externas e os conflitos internos presentes na comunidade negra. O título, abreviação de "Get Off My Dick" (Sai do meu pé), já define o tom provocativo da música, funcionando como uma resposta a críticos, invejosos e até fãs excessivamente exigentes. Cole deixa claro que não pretende se encaixar nas expectativas dos outros, reforçando sua independência e autenticidade. O refrão repetitivo e agressivo intensifica esse afastamento, enquanto versos como “They tryna say I can't come back... Man fuck them nigga I come back” (“Eles tentam dizer que eu não posso voltar... Dane-se, eu volto”) mostram sua confiança em desafiar quem duvida dele e em retornar às suas raízes.

O videoclipe aprofunda o significado da faixa ao retratar Cole como um escravo doméstico liderando uma rebelião, trazendo à tona temas como colorismo e classismo dentro da própria comunidade negra, além do racismo externo. Isso se conecta a versos como “Why every rich black nigga gotta be famous / Why every broke black nigga gotta be brainless” (“Por que todo negro rico tem que ser famoso / Por que todo negro pobre tem que ser sem cérebro”), criticando estereótipos e rótulos impostos tanto pela sociedade quanto pela própria comunidade. Apesar do tom desafiador, Cole também revela vulnerabilidade ao lamentar que “Niggas don't sing about it no more” (“Ninguém canta mais sobre isso”), sugerindo que a dureza do ambiente faz com que sentimentos verdadeiros sejam deixados de lado. Assim, a música mistura orgulho, frustração e desejo de mudança, funcionando como um desabafo pessoal e uma crítica social.