Tenement Yard

Vigilância e exclusão social em "Tenement Yard" de Jacob Miller

"Tenement Yard", de Jacob Miller, retrata de forma clara e direta a realidade dos rastafáris que vivem em habitações coletivas urbanas na Jamaica. A música destaca como a vida nesses espaços é marcada por vigilância constante e falta de privacidade. Expressões como “su-su su-su” (fofoca) e “watchie watchie” (olhares indiscretos) ilustram o ambiente em que vizinhos observam e comentam cada passo dos dreadlocks, dificultando que vivam em paz ou pratiquem seus costumes, como “smoke him pipe” (fumar seu cachimbo) ou “i-ditate” (meditar). Essa vigilância cria um clima de desconfiança e repressão, agravado pela presença de “informers” (dedos-duros) e pelo medo de leis opressoras, o que limita ainda mais a liberdade individual.

No trecho “Dreadlocks can't penetrate the rent man / All him a do is sell jah jah land” (Os dreadlocks não conseguem lidar com o cobrador de aluguel / Tudo o que ele faz é vender a terra de Jah), Miller faz uma crítica à exploração imobiliária e à perda de terras consideradas sagradas, reforçando o sentimento de exclusão dos rastafáris. Ao repetir “Dreadlocks can't live in a tenement yard” (Dreadlocks não podem viver em um cortiço), o artista denuncia o preconceito e a marginalização enfrentados por esse grupo. O tom descontraído do reggae contrasta com a seriedade da mensagem, tornando a crítica social ainda mais impactante e acessível.