Profano

Dualidade e autolibertação em "Profano" de Jaloo

Em "Profano", Jaloo explora a inversão entre o "profano" e o "sagrado" para retratar uma transformação pessoal provocada por um relacionamento. A música mostra como, ao deixar de ocupar o lugar do "sagrado" — associado à pureza e idealização —, o eu lírico passa a se reconhecer como "profano", alguém livre e transgressor. Essa troca de papéis não é apenas simbólica, mas reflete uma mudança real de comportamento, desejos e limites, alinhando-se ao tema do álbum "Mau", que aborda prazer, liberdade e risco.

A letra revela um processo de autodescoberta e libertação, marcado por experiências intensas e contraditórias. Trechos como “Vou navegar por toda essa ferida / Me esbaldar / Eu não vejo saída” mostram o mergulho nas próprias dores e prazeres, enquanto “Talvez um bar / Desce uma bebida / A noite tá sem luar / Sem um par, sem você” reforça a solidão e a busca por alívio momentâneo. A repetição de “E agora sou tão profano” evidencia a aceitação dessa nova identidade. O videoclipe, com Jaloo e Urias dançando de forma íntima, reforça visualmente a busca por liberdade e autoexpressão, mostrando que o "profano" pode ser autêntico e libertador.

Por fim, a música sugere que a transformação pessoal, embora dolorosa, é necessária para seguir em frente. O ciclo de "fritar", "ficar arrependida", "fazer terapia" e "te esquecer" representa um caminho de autoconhecimento que passa pelo excesso, pelo erro e pela cura. "Profano" celebra a coragem de se reinventar e de abraçar todas as facetas da própria existência, mesmo aquelas que desafiam convenções.