Dancing with your eyes closed

Crítica social e escapismo em “Dancing with your eyes closed”

Em “Dancing with your eyes closed”, Jane Remover constrói um retrato direto e inquietante sobre a busca por sentido em meio à pressão social e ao vazio contemporâneo. O refrão repetitivo, “Promise I like it like that” (“Prometo que gosto assim”), funciona como uma espécie de autoafirmação, quase um mantra para suportar a vida no limite, mesmo quando a realidade é desconfortável. Essa repetição não é apenas um recurso musical, mas um mecanismo de defesa diante de um cotidiano desgastante.

A crítica ao sistema capitalista aparece de forma sutil em versos como “post it, pawning off dreams that you had” (“anote, penhorando sonhos que você teve”) e “it pays enough, so focus now” (“paga o suficiente, então concentre-se agora”), mostrando como sonhos e desejos acabam sendo trocados por sobrevivência e validação social. O ambiente de festa caótica, reforçado pelo videoclipe, serve como cenário para um escapismo que mistura prazer, desapego e autossabotagem. Versos como “conversation with dirty needles in your skin” (“conversa com agulhas sujas na sua pele”) e “fuckin' on dreams I had” (“transando com sonhos que eu tive”) abordam vícios e relações complicadas, enquanto “I only like you 'cause my plus-one does” (“só gosto de você porque meu acompanhante gosta”) evidencia a superficialidade dos laços. Por fim, frases como “I still bite my tongue when I let you drown” (“ainda mordo minha língua quando deixo você se afogar”) e “feelings and that bottle, we both underwater” (“sentimentos e aquela garrafa, nós dois debaixo d’água”) mostram a dificuldade de lidar com emoções reais, preferindo se perder em festas e distrações. A música, assim, expõe o retrato de uma geração que dança de olhos fechados para não encarar a realidade.