Olho de Lince (part. Waly Salomão)

Visão aguçada e inquietação em "Olho de Lince"

"Olho de Lince", de Jards Macalé, explora a inquietação e a busca constante por novas experiências como traços marcantes do narrador, refletindo também a postura artística de Macalé e do letrista Waly Salomão. O título e a expressão "olho de lince" funcionam como metáfora para uma percepção aguçada, indicando que o narrador enxerga detalhes e nuances que passam despercebidos para a maioria. Isso se conecta à ideia de estar "sempre elétrico", nunca se acomodando ou se deixando enganar.

Nos versos “Experimento tudo, nunca me iludo / Quero crer no que vem por aí, beco escuro / Me iludo”, a letra revela uma contradição: o desejo de não se iludir, mas também a disposição de se deixar surpreender. Essa abertura ao desconhecido é típica de quem está atento ao novo e disposto a desafiar padrões. A relação com o tempo aparece em “Reviro na palma da mão o dado / Presente futuro passado”, sugerindo que o narrador manipula o tempo como um jogo, sem se prender à linearidade. O trecho “Tudo sentir de todas as maneiras / É a chave de ouro do meu jogo” reforça a busca por intensidade nas experiências, enquanto “Fósforo que acende o fogo / De minha mais alta razão” mostra que essa entrega ao sentir é o que alimenta sua criatividade. Por fim, a referência à “sequência de diferentes naipes” e à paixão que desperta nos outros consolida a imagem de alguém que vive de forma intensa, curiosa e sempre atento ao que o cerca.