A Flor e o Espinho

Relações e distanciamento em "A Flor e o Espinho"

Em "A Flor e o Espinho", Jards Macalé interpreta uma letra marcada pela resignação diante do fim de um relacionamento. O verso “Hoje pra você sou espinho / Espinho não machuca flor” mostra como o narrador se vê como fonte de dor, mas reconhece que não consegue realmente ferir a pessoa amada. Essa inversão de papéis entre flor e espinho reforça a sensação de impotência e aceitação amarga, típica do lirismo de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, autores da canção.

A metáfora da flor e do espinho representa a delicadeza da pessoa amada e a aspereza de quem sofre, sugerindo uma distância emocional que não pode ser superada. O trecho “Só errei quando juntei / Minha alma à sua / O sol não pode viver / Perto da lua” aprofunda essa ideia, comparando o casal a astros que não podem coexistir plenamente. Já o espelho, citado em “É no espelho que vejo minha mágoa / Minha dor / Os meus olhos rasos d'água”, simboliza o momento de introspecção e o reconhecimento da própria dor. Assim, a música expressa de forma direta e sensível a experiência da desilusão amorosa, marcada por perda, solidão e transformação.