Luz (part. Ezra Pound)

Diálogo poético e existencial em "Luz (part. Ezra Pound)"

Em "Luz (part. Ezra Pound)", Jards Macalé cria uma ponte entre a poesia modernista de Ezra Pound e a canção popular brasileira. Ao adaptar versos do poeta, Macalé propõe um diálogo entre tradição e experimentação, destacando a importância da autenticidade artística. O trecho “Quem faz faz bem / Luz de dia ou de noite” sugere que o valor da criação está no próprio ato de fazer, independentemente do contexto ou reconhecimento. Essa ideia reflete tanto a visão de Pound quanto a trajetória de Macalé, marcada pela busca de expressão genuína.

A letra explora temas como efemeridade e continuidade, especialmente em “Não faz qual Sol / Quem não tem fim / Não tem fim”, que contrapõe o ciclo finito do sol à ideia de algo que permanece. A metáfora do “grão” e do “dom do chão” reforça a relação entre origem, potencial e transformação: assim como o grão depende da terra para germinar, a arte nasce de raízes e contexto, mas carrega a promessa de crescimento e renovação. Ao unir as sensibilidades de Pound e Macalé, a canção convida à reflexão sobre o valor do fazer, a transitoriedade da vida e a busca por sentido, sem oferecer respostas prontas.