Síntese do Lance (part. João Donato)

Cultura popular e liberdade em “Síntese do Lance” de Jards Macalé

“Síntese do Lance”, de Jards Macalé com participação de João Donato, tem origem em um ponto de umbanda de Zé Pilintra, adaptado por Donato nos anos 1970. Essa conexão com a umbanda e as tradições afro-brasileiras traz para a música um forte vínculo com a cultura popular. O verso “É no morro sim / Que se tira uma onda” destaca o ambiente descontraído das comunidades cariocas, onde a vida é marcada pela espontaneidade, lazer e celebração, mesmo diante das dificuldades. A expressão “tirar uma onda” reforça esse clima leve e brincalhão, típico do samba e do cotidiano do morro.

A passagem “É sentado na pedra / Queimando uma coisa / Jogando uma ronda” sugere momentos de relaxamento e convivência, possivelmente fazendo referência ao ato de fumar e de observar ou conversar com os amigos. O uso de linguagem coloquial e a simplicidade da letra refletem o espírito livre dos artistas, algo também representado na capa do álbum, em que Macalé e Donato aparecem nus, cobertos apenas por folhas. O refrão “Lalaiá lalaiá laiá” reforça o tom lúdico e despreocupado da canção, funcionando como uma celebração da liberdade artística e da alegria de viver, temas centrais na trajetória dos dois músicos.