Angelitos Negros

Representatividade e denúncia racial em “Angelitos Negros”

“Angelitos Negros”, interpretada por Javier Solís, vai além de uma crítica estética e se transforma em uma denúncia clara do racismo estrutural presente nas manifestações culturais e religiosas. O verso “Aunque la virgen sea blanca, píntame angelitos negros” (“Embora a Virgem seja branca, pinte para mim anjinhos negros”) questiona por que a pureza e a inocência são associadas apenas à brancura, exigindo a inclusão de crianças negras como igualmente dignas do céu. A canção utiliza a imagem da Virgem Maria, tradicionalmente retratada como branca, para desafiar padrões excludentes e pedir representatividade.

O contexto histórico da música reforça sua mensagem. Baseada no poema de Andrés Eloy Blanco, “Angelitos Negros” se tornou um símbolo de resistência ao racismo, especialmente em sociedades latino-americanas marcadas pela desigualdade racial. Ao interpelar o pintor com perguntas como “¿Por qué, desprecias su color?” (“Por que você despreza a cor deles?”), a letra responsabiliza artistas e a sociedade por perpetuar ou combater preconceitos. A repetição do pedido para pintar “angelitos negros” destaca a urgência da representatividade e da igualdade, tornando a canção uma referência atemporal na luta contra o racismo.