Eternal Life

Crítica social e existencial em “Eternal Life” de Jeff Buckley

Em “Eternal Life”, Jeff Buckley canaliza sua indignação contra a violência histórica e a hipocrisia social, criando uma crítica direta e intensa tanto na letra quanto na sonoridade agressiva da música. O verso “Racist everyman, what have you done? / Man, you've made a killer of your unborn son” (“Homem racista comum, o que você fez? / Cara, você transformou seu filho ainda não nascido em um assassino”) evidencia a crítica de Buckley ao racismo e à perpetuação do ódio, refletindo sua revolta diante de eventos como o assassinato de Martin Luther King Jr. e outros episódios de violência motivada por intolerância. Imagens como “red glitter coffin” (“caixão vermelho brilhante”) e “bloody road” (“estrada ensanguentada”) reforçam a ideia de que a busca cega por poder ou salvação leva apenas à destruição, mostrando a aversão de Buckley a líderes políticos e religiosos que, segundo ele, suprimem a alegria e a inocência.

A música também questiona a promessa de vida eterna usada como justificativa para violência e repressão, especialmente em versos como “Tell me where is the love in what your prophet has said? / Man it sounds to me just like a prison for the walking dead” (“Me diga onde está o amor no que seu profeta disse? / Cara, pra mim isso soa como uma prisão para mortos-vivos”). Buckley desafia dogmas religiosos que aprisionam as pessoas em medo e culpa, em vez de promoverem o amor. O refrão “You better turn around and blow your kiss / Hello to life eternal, angel” (“É melhor você se virar e mandar um beijo / Olá para a vida eterna, anjo”) pode ser interpretado como uma crítica à ilusão de redenção fácil. Ao final, perguntas como “What is love? Where is happiness? What is a life? Where is peace?” (“O que é amor? Onde está a felicidade? O que é uma vida? Onde está a paz?”) mostram que, para Buckley, a busca por sentido deve ser feita com honestidade e compaixão, não com ódio ou fanatismo. A intensidade da faixa traduz a inquietação de Buckley diante das injustiças, mas também sua esperança de que o amor e a autenticidade possam prevalecer.