Songs From The Wood

Rito e pertencimento em “Songs From The Wood”, Jethro Tull

Em “Songs From The Wood”, do Jethro Tull, o narrador surge como bardo do campo e guia quase sacrificial: “I am the wind to fill your sail / I am the cross to take your nail” (Eu sou o vento para encher sua vela / Eu sou a cruz para receber o seu prego). O convite é deixar a pressa moderna e se limpar dela — “Dust you down from tip to toe” (Te sacudir da poeira dos pés à cabeça) — para reencontrar o ciclo da terra, onde flores, chuva de verão e canto curam e acalmam: “To heal the wound and still the pain” (Para curar a ferida e acalmar a dor). O retorno é comunitário: “Join the chorus if you can / It’ll make of you an honest man” (Junte-se ao coro, se puder / Isso fará de você um homem honesto). É também celebração simples: “Life’s long celebration’s here” (A longa celebração da vida está aqui), brindada no “penny cheer” (brinde de um tostão) de uma cerveja compartilhada.

As imagens ligam passado e presente: “Galliards and lute songs” (Galiardas e canções de alaúde), servidas com “chilling ale” (cerveja gelada), e a mistura de “kitchen prose and gutter rhymes” (prosa de cozinha e rimas de sarjeta) espelham a fusão de folk e rock progressivo do álbum Songs From The Wood, que inaugura a trilogia campestre do Jethro Tull. Ian Anderson definiu o tom como “um pouco zangado, mas com um propósito”: uma correção afetuosa ao desenraizamento. As ameaças que “voltam e voltam” e o cansaço de “drag down every lover’s lane” (derrubar cada caminho dos amantes) são enfrentados por um guia que se diz “a singer of these ageless times” (um cantor destes tempos sem idade). No fim, “Songs from the wood make you feel much better” (As canções do bosque fazem você se sentir muito melhor) é manifesto: natureza e folclore britânico não são fuga, são remédio, rumo e pertencimento.