Cross Eyed Mary

Crítica social e ironia em "Cross Eyed Mary" do Jethro Tull

Em "Cross Eyed Mary", do Jethro Tull, a personagem principal é retratada como uma espécie de "Robin Hood de Highgate". Apesar de ser uma jovem prostituta escolar, Mary é apresentada de forma irônica: ela tira dos ricos e, de certa forma, beneficia os menos favorecidos. A música adota um tom crítico e sarcástico ao mostrar Mary preferindo a companhia de homens mais velhos e ricos, rejeitando os "little boys" do playground. Isso sugere tanto uma maturidade precoce quanto uma crítica à hipocrisia moral da sociedade que a julga.

A letra faz uma ligação direta com o personagem Aqualung, outro marginalizado urbano criado pela banda, reforçando o interesse do Jethro Tull por figuras à margem da sociedade. O cenário em Hampstead Village e Highgate, bairros ricos de Londres, contrasta com a vida difícil de Mary, que "dines... on expense accounted gruel" (janta... com mingau pago por conta de despesas), ironizando o suposto luxo e mostrando que, mesmo entre os ricos, ela continua excluída. Ian Anderson, vocalista e compositor, se inspirou nas pinturas de Larry e Bruegel para criar um clima surreal e quase grotesco, intensificando a crítica social e o estranhamento. Assim, "Cross Eyed Mary" usa a história de Mary para expor desigualdades, hipocrisias e a complexidade moral das relações sociais urbanas.