People Who Died

Juventude e tragédia urbana em “People Who Died”

Em “People Who Died”, Jim Carroll transforma a dor da perda em um relato direto e impactante, sem espaço para sentimentalismo. A música apresenta uma lista de amigos que morreram, detalhando nomes, idades e as circunstâncias violentas ou trágicas dessas mortes. Ao fazer isso, Carroll expõe a vulnerabilidade da juventude em meio ao caos urbano e denuncia como a tragédia se tornou algo comum em seu círculo social. O refrão repetitivo – “Those are people who died, died / They were all my friends, and they died” (“Essas são pessoas que morreram, morreram / Todos eram meus amigos, e eles morreram”) – reforça o peso coletivo dessas perdas e a frequência com que a morte fazia parte de sua realidade.

A inspiração da música vem tanto de um poema de Ted Berrigan quanto das experiências pessoais de Carroll na Nova York dos anos 1970, marcada por drogas, violência e marginalização. Trechos como “Teddy sniffing glue, he was 12 years old” (“Teddy cheirando cola, ele tinha 12 anos”) e “Cathy was 11 when she pulled the plug / On 26 reds and a bottle of wine” (“Cathy tinha 11 anos quando tomou 26 comprimidos vermelhos e uma garrafa de vinho”) mostram a iniciação precoce ao vício e à autodestruição. Já versos como “Sly in Vietnam took a bullet in the head” (“Sly no Vietnã levou um tiro na cabeça”) e “Bobby OD'd on Drano on the night that he was wed” (“Bobby teve uma overdose de Drano na noite em que se casou”) revelam diferentes formas de morte, seja por guerra, overdose ou suicídio. A ausência de julgamento moral e a linguagem simples tornam o relato ainda mais chocante, evidenciando o desamparo desses jovens. “People Who Died” é um retrato cru da juventude perdida, embalado pela energia punk característica de Carroll.