Third World People

Identidade e resistência em "Third World People" de Jimmy Cliff

Em "Third World People", Jimmy Cliff questiona a narrativa eurocêntrica sobre a origem da civilização. Ao dizer “Life could not start in a refrigerator / Has to be in an incubator” (A vida não poderia começar em uma geladeira / Tem que ser em uma incubadora), ele usa uma metáfora clara para afirmar que a vida e a cultura surgiram primeiro em ambientes férteis, como a África, e não em regiões frias como a Europa. Essa ideia é reforçada no verso “Civilisation did not go up the Nile / It went down the Nile / And it reached Europe last” (A civilização não subiu o Nilo / Ela desceu o Nilo / E só chegou à Europa por último), destacando a África como o verdadeiro berço da humanidade e da civilização.

A música é um chamado ao orgulho e à afirmação cultural dos povos do chamado "Terceiro Mundo". Cliff incentiva a valorização das raízes africanas e o questionamento das versões históricas impostas pelo colonialismo, especialmente ao repetir “Remember where ya comin' from / Know where you belong” (Lembre-se de onde você vem / Saiba onde você pertence). Ele também denuncia as estruturas que mantêm esses povos em “perpetual insecurity, ignorance and poverty” (insegurança, ignorância e pobreza perpétuas), sugerindo que essas condições são mantidas de forma intencional para garantir o controle colonial. Ao exaltar a riqueza natural da África — “Where the gold comes from / The diamonds come from / The platinum, the lignum, the oil, the rubber / Ya name it / We got it” (De onde vem o ouro / De onde vêm os diamantes / A platina, a madeira, o petróleo, a borracha / Você diz o nome / Nós temos) — Cliff valoriza o continente e denuncia sua exploração histórica. Assim, a canção se torna um convite ao reconhecimento do valor, da dignidade e da resistência dos povos africanos e de suas diásporas.