Kafka

A exposição artística e o absurdo em “Kafka” do Jinjer

A música “Kafka”, da banda Jinjer, utiliza o universo de Franz Kafka para abordar a vulnerabilidade dos artistas diante do julgamento público. Tatiana Shmayluk, vocalista do grupo, explicou que a canção reflete o sentimento de exposição e as críticas constantes, algo que se conecta diretamente ao clima opressivo e absurdo das obras de Kafka. Isso aparece em versos como “One appeared in front of the jury / Face uncovered against the wind” (Alguém apareceu diante do júri / Rosto descoberto contra o vento), mostrando o artista como alguém exposto e indefeso diante do julgamento alheio.

A letra faz referências diretas a personagens de Kafka, como Gregor Samsa e Josef K., protagonistas de “A Metamorfose” e “O Processo”, ambos marcados por alienação e injustiça. Trechos como “Neglected and abused or wrongfully accused?” (Negligenciado e abusado ou acusado injustamente?) reforçam essa sensação de exclusão e julgamento injusto. A expressão “The void will bleed das nichts!” (O vazio vai sangrar o nada!) liga o sofrimento existencial à criação artística, sugerindo que a arte nasce tanto da dor quanto da necessidade de se expressar.

A música também destaca o preço da sinceridade artística: “I showed my bare face it was ripped off like a mask / As they stapped upon a throat of my own song” (Mostrei meu rosto nu, ele foi arrancado como uma máscara / Enquanto pisavam na garganta da minha própria canção). O refrão “Absurd’s my existence!” (O absurdo é minha existência!) resume o sentimento de viver em um mundo sem sentido, onde a busca por propósito é frustrada. “Kafka” transforma a angústia do artista em arte, reconhecendo tanto a dor quanto a força de persistir diante do absurdo.