Modas de Viola (pot-pourri)

Tradição e crítica social em "Modas de Viola (pot-pourri)"

Em "Modas de Viola (pot-pourri)", João Bosco e Vinícius reúnem diferentes modas de viola para mostrar a riqueza e a versatilidade desse gênero, que funciona como uma crônica bem-humorada do cotidiano rural brasileiro. A música vai além dos temas simples, como ciúme ou dificuldades do campo, trazendo críticas sociais sutis e comentários sobre as mudanças nos costumes, principalmente em relação ao papel da mulher e à modernização dos hábitos. Um exemplo disso aparece em "Minissaia", quando a letra brinca com o ciúme masculino diante da liberdade feminina: "Você já não usa mais vestido comprido / Só quer sair pelas ruas de minissaia". Esse trecho ironiza o choque entre tradição e modernidade no interior, mostrando o desconforto do marido diante das transformações sociais.

O uso de expressões populares e metáforas é marcante, como em "Pagode em Brasília", onde situações do dia a dia – mulher namoradeira, burro empacador, sogra encrenqueira – são tratadas com exagero e humor. O verso "Eu tiro a roça do mato / Sua lavoura melhora / E o burro empacador / Eu corto ele na espora / E a mulher namoradeira / Eu passo um rodo e mando embora" mostra a criatividade e o tom descontraído da moda de viola, além de destacar a habilidade do homem do campo em resolver problemas práticos e emocionais. Já em "Falou e Disse", os trocadilhos e comparações inusitadas, como "A bala do meu revólver não tem açúcar", reforçam o humor e a inventividade da linguagem caipira. No conjunto, o pot-pourri celebra a vida simples do interior, usando a sátira para comentar sobre relações, costumes e mudanças sociais, mantendo viva a tradição da moda de viola.