Ronda Redonda
João de Almeida Neto
O céu campeiro se agacha
Quando se ronda uma ronda
Rodeada de escuridão
Além da tropona arisca
A lua aspuda risca
O couro da imensidão
Sou mais um na roda grande
Munido de solidão
Fazendo vezes cercado
Pastoreio distribuído
Sem movimento e sem ruído
Para dar calma no gado
Ronda redonda
Rondada a cavalo a noite inteira
Cá embaixo bóia canhada
Lá em riba funda boieira
De brilho só lá bem longe
A estrela que acende o lume
A ronda é um caso de espera
De silêncio e de pretude
A ronda é um caso de espera
De silêncio e de pretude
Algum mugido se perde
Alguma asa revoa
Num largo de pega-pega
Alguma vaca rumina
Meu zaino sacode a crina
Pra algum guincho de macega
Rio Grande do arame preto
Da comparsa e comitiva
Do varzedo e da biboca
Mesmo que a tropa não derme
Sobre o asfalto se encerre
Vai com a cola em massaroca
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