Sebastiana Pisa Nesse Café

Sebastiana Pisa Nesse Café: resistência feminina e igualdade racial

"Sebastiana Pisa Nesse Café", de João Grilo (Capoeira), traz à tona a figura de Sebastiana, uma mulher que, apesar de ser chamada de "sinhá do açúcar e do café", enfrenta o preconceito de gênero e se destaca como defensora da igualdade racial. O verso “Sempre foi desvenerada pelo fato de ser mulher” evidencia o machismo estrutural da época, mostrando como Sebastiana era desvalorizada por sua condição feminina. Ao mesmo tempo, a letra sugere que ela assume um papel ativo na luta por justiça social, indo além do que se esperava de uma mulher em sua posição, como indica o trecho “era pra defender o manto”.

O contexto da escravidão é central na música, especialmente ao abordar o trabalho forçado dos negros na produção do café. O verso “Moeu a pele do preto pra dizer que sabe mais” denuncia a exploração e a violência sofridas pelos escravizados. O refrão “Sebastiana pisa nesse café” funciona como um chamado à resistência, transformando o ato de pisar no café em símbolo de enfrentamento e reivindicação de direitos. Quando Sebastiana afirma que “o café é pro preto e é pro branco”, a música reforça a mensagem de igualdade e inclusão, desafiando as estruturas racistas e elitistas do período. O nome artístico João Grilo, associado à astúcia e à resistência popular, reforça o tom crítico e valoriza as lutas históricas do povo brasileiro, especialmente de mulheres e negros. Ao unir elementos da capoeira e da cultura popular, a canção transmite indignação, força e esperança, convidando à reflexão sobre as injustiças do passado e a importância da resistência coletiva.