C.A.B.R.A.

Humor ácido e ironia no amor frustrado em “C.A.B.R.A.”

Em “C.A.B.R.A.”, João Sousa transforma o ressentimento de um amor não correspondido em humor ácido e ironia. Ao soletrar o título e usar a palavra "cabra" de forma pejorativa, o artista adota um tom irreverente e até agressivo, típico do contexto português. A letra alterna entre declarações de afeto, como “Juro que te amo bebé”, e insultos diretos, como “sua cabra”, mostrando a oscilação emocional do narrador entre o desejo de ser correspondido e a frustração pela rejeição. Esse contraste cria uma atmosfera de exagero proposital e sarcasmo, tornando o drama amoroso quase cômico.

A música também faz referência ao cotidiano jovem, citando o “beammer” (BMW) e mencionando a disposição de envolver o primo em possíveis brigas, o que sugere tanto uma tentativa de impressionar quanto uma postura defensiva diante da rejeição. O verso “Quero esfaquear a tua carinha laroca” é um exemplo claro de hipérbole irônica, expressando a intensidade da frustração de forma caricata, sem intenção literal. Assim, “C.A.B.R.A.” utiliza linguagem coloquial, gírias e exageros para retratar o drama do amor não correspondido, equilibrando sentimentos contraditórios com um tom descontraído e provocador.